Pirataria em Paraty-RJ -
Descrição
Na última sexta feira dia 20 de janeiro 2012, a lancha "PER BACCO", de 60 pés, pertencente a um médico paulistano e sediada no Ubatuba Iate Clube, da vizinha cidade homônima, ancorou ao largo da Ilha do Cedro, próxima do povoado de Tarituba e a pequena distância do centro de Paraty. Era um local abrigado e com poucas outras lanchas fundeadas, e a família dos proprietários do barco (avós, filhos, netos) tencionava passar ali uma noite tranquila em suas férias de verão.
No correr da tarde, foram abordados por um barco com as cores da Marinha, tendo três elementos fardados procedido a demorada vistoria não só nos documentos da embarcação e de seu timoneiro, mas também fiscalizando os tripulantes e passageiros, que tiveram que responder a um verdadeiro inquérito sobre coisas não diretamente atinentes com a função dos vistoriadores. Igualmente a grande embarcação foi toda percorrida e revistada minuciosamente pelos militares, que finalmente se retiraram
Tarde daquela noite uma embarcação aproximou-se silenciosamente da lancha, e de súbito irromperam na cabine principal três homens encapuzados, ficando pelo menos mais um deles do lado de fora do barco. Renderam todos os tripulantes e passageiros, à exceção do casal de proprietários, muito idosos, que já dormiam em sua cabine. Seu filho e nora imploraram aos assaltantes que não os perturbassem, dizendo que o pai poderia ter um ataque fatal, já que era cardíaco.
Crianças, mulheres e adultos foram todos obrigados a se despir e assim manietados com algemas plásticas. Receberam, sem motivo algum, por simples maldade ou intenção de submetê-los psicologicamente, coronhadas de revolver, socos e pontapés. Divididos em dois grupos, foram torturados separadamente para que contassem onde haveria outros valores além daqueles de que os bandidos já haviam se apossado. No filho do proprietário, também médico, cutucavam a ponta de uma faca no pescoço, e enfiaram em sua cabeça um saco plástico, apertando-o para impedir sua respiração até o ponto do desmaio. Ameaçaram também, várias vezes, jogá-lo n´agua assim manietado, bem como seus idosos pais.
Ao fim de uma demorada sessão de tortura e humilhação, os assaltantes soltaram com surpreendente destreza todos os equipamentos que podiam levar consigo e se retiraram, deixando suas vítimas amarradas no fundo da embarcação. Quando conseguiram se libertar, os proprietários estavam de tal forma traumatizados que quiseram apenas voltar rapidamente a Ubatuba e à capital paulista, onde residem.
Ao gerente da Marina do Engenho, em Paraty, onde deixaram o barco, foi pedido que comunicasse o fato à Capitania dos Portos local logo que ela reabrisse na segunda-feira. No entanto, ao menos até a sexta-feira seguinte 28/01, o dono da lancha não tinha ainda sido chamado a depor, quer por telefone quer por outros meios, sobre esse assalto com tortura e ameaças de morte ocorrido a menos de dez milhas da sede da Delegacia da Capitania dos Portos local.
O Portal Náutico relata este fato com extrema raiva, choque e indignação. Não é possível tolerar a falta de policiamento naval, seja de quem for a responsabilidade: Capitania dos Portos ou Policia Militar. Não podemos ficar quietos ante ao jogo de empurra-empurra entre duas entidades que juntas ou não deveriam zelar pela nossa segurança.
O mercado náutico de recreio e lazer quase dobrou em poucos anos. Empresas internacionais estão se estabelecendo por aqui para a fabricação de barcos cada vez mais luxuosos, o mercado nacional nunca antes fabricou e vendeu tanto. Tudo isso gera divisas para o governo através de mais e mais impostos, os quais deveriam retornar em forma de segurança, saúde e educação para todos.
É preciso, portanto, que todos os amantes do mar se juntem enviando mails às revistas especializadas, aos fóruns da internet, deputados, senadores e políticos em geral, e especialmente ao próprio Ministério da Marinha e a Polícia Militar, para que a saudável atividade da náutica esportiva e de lazer não seja comprometida pela ameaça de repetição desses fatos bárbaros.