As regatas pelo Brasil
Depois de apresentar as principais provas pelo mundo, chegou a hora do Brasil. E, bem, como amantes do mar, vocês já devem imaginar, o cenário não é bom. Na verdade, nada bom. Faltam regatas. Faltam, acima de tudo, regatas de competição. A Regata Eldorado-Brasilis, reconhecida como uma das mais desafiadoras do País, deixou de acontecer, por exemplo, em 2008. Chegou a ter a sua volta cogitada para este ano, numa manobra que a transferiria para Salvador e acabou não levada adiante. É esse o breve cenário que se tem hoje por nossa costa. O Portal Náutico promete investigar, ao longo dos próximos meses, o que está por trás dessa queda nos eventos nacionais.
REFENO
Onde os meninos são separados dos homens. Segundo seus organizadores, é assim que a prova pode ser definida. Ao todo, são 300 milhas náuticas (ou 545 km) de percurso em pleno Oceano Atlântico, sem qualquer ponto de apoio entre Recife e Fernando de Noronha. A maior regata oceânica do País atraiu em sua última edição 60 veleiros, oriundos de 11 Estados e quatro outros países (Argentina, Estados Unidos, Espanha e Irlanda), e divididos em 12 classes. Em geral, a travessia costuma ser completada pelo fita azul (o primeiro barco a cruzar a linha de chegada) em até 22 horas. Realizada desde 1986, a REFENO tem como maior vencedor a embarcação Adrenalinha Pura, da Bahia, que tem como comandante Georg Ehrensperger.
Aratu-Maragogipe
Um dos melhores lugares para se velejar. É a partir de lá, da Baía de Todos os Santos, em Salvador, que tem início há mais de 40 anos uma das mais tradicionais regatas do País, a Regata Aratu-Maragogipe. Com um percurso de 32 milhas náuticas, equivalente a 60 km, são mais de 400 embarcações e até 1.800 velejadores brigando para chegar primeiro a Maragogipe, também conhecida como a "Capital Nacional dos Manguezais". No meio do caminho, há ainda uma outra atração, o Rio Paraguaçu, um verdadeiro patrimônio da história. Em médio, o tempo de percurso costuma variar, dependendo do tipo de embarcação - entre 2h30 até 7h. O velejador Lars Grael marcou presença em sua última edição.
Eldorado-Brasilis
Vale tudo. Até misturar ração de fuzileiro naval com macarrão para deixar a embarcação mais leve. Foi essa a estratégia utilizada por um dos barcos em uma das edições da Regata Eldorado-Brasilis. Com o maior percurso em águas brasileiras, a prova acontece ao longo de 630 milhas náuticas (ou 1.160 km). O equivalente, digamos, a um terço do caminho até a África. Realizada desde 1996 entre a cidade Vitória-ES e a Ilha de Trindade, a ilha mais distante do território nacional, ela foi incorporada a partir de 1999 pela Semana de Vela de Ilhabela-SP. No entanto, em decorrência do fim da parceria com a prefeitura da capital capixaba, a regata não acontece desde 2008. Neste ano, chegou-se a ventilar a possibilidade de ela ser transferia para Salvador.
Regata Escola Naval
Religiosamente. É assim há mais de 60 anos, com a realização da prova sempre no segundo domingo do mês de outubro. Em sua 66ª edição, a Regata Escola Naval é uma das mais antigas do País, mobilizando hoje mais de 750 embarcações de todos os lugares do Brasil e do mundo, ao redor da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Foram quase 100 em 1946, em sua estreia no calendário de evento náutico nacional. Além da competição, acontecem ainda disputas de remo, prancha a vela e veleiros rádio-controlados. Sem citar, ainda, as atividades que acontecem paralelamente em terra. Responsável pela organização da regata, a Escola Naval é uma das mais tradicionais instituições brasileiras, tendo sido criada em 1782 como Academia Real de Guardas-Marinha e transferida para o Rio posteriormente, com a chegada da Família Real.