Catamarans - Raridade nacional
Qualquer pessoa que resolva se aventurar por aí, em águas de países como Caribe e Estados Unidos, irá se assustar na volta para casa - e não será positivamente. A quantidade catamarãs que se vê por lá não encontra paralelo no Brasil, onde se dá preferência a monocascos. A explicação, muitos se perguntam, mas ninguém sabe bem o porquê.
Tentando esclarecer essa dúvida que perturba a tanta gente, o Portal Náutico entrou em contato com Jr. Pimenta, do Dolphin Catamaran, estaleiro que se notabiliza pela produção desses barcos. Com negócios que praticamente se restringem ao exterior, Pimenta critica a falta de estrutura das marinas do País e afirma que falta ousadia ao mercado para romper com a tradição dos monocascos e dar uma chance aos catamarãs.
Por que no Brasil não vemos tantos catamarãs como nos Estados Unidos?
Primeiro, não existe a facilidade de crédito no Brasil para compra de embarcações. Segundo, há um grande preconceito e ignorância sobre multicascos em geral - catamarãs e trimarãs. E, por fim, em terceiro lugar, porque o grande público comprador de barcos do país não está interessado se o barco é bom de mar ou não, pois ninguém realmente usa os barcos. Eles são usados para passeios diários ou apenas como "status", o que não justifica investir em um barco para travessias, com muito espaço se você só vai passar o dia. Enfim, existem "N" razões.
A que se deve a preferência por monocascos?
Eu acredito que seja mais por tradição e falta de oportunidade de testar um catamarã. Qualquer cruzeirista de bom senso não tem como alegar que um monocasco é melhor que um multicasco. O monocasco tem menos espaço, anda menos, é mais desconfortável, menos seguro. A única vantagem é que paga menos marina, porém o barco também é menor.
O que falta para os catamarãs virarem um sucesso no país?
Que as pessoas testem e sintam a diferença. O resto se fará sozinho, pois não tem como alguém preferir um monocasco a um multicasco, pelo menos para cruzeiristas. No caso de regatas, tenho que concordar que o monocasco é mais divertido.
Os problemas são as marinas e a falta de espaço?
Marinas? Nós temos alguma descente no país? Acho que isso não faz diferença, as marinas que temos aqui não têm infra-estrutura nem para monocascos, tampouco para multicascos. Qualquer marina pequena na Croácia, e veja que não estou comparando Caribe ou Estados Unidos, possui um "travel" ou alguma estrutura para mover catamarãs de 50 pés para fora da água. No Brasil, a própria marina Verolme não tem condições de tirar sequer um catamarã de 46 pés da água.
O que pesou para a instalação do estaleiro em Aracaju?
Primeiro, a localização geográfica, uma vez que 90% da produção é exportada e todos os barcos saem navegando. E depois, o clima, que facilita muito o método construtivo, pois um dos modelos é 100% fabricado em fibra de carbono.