Vem aí a Classe Mini Brasil
Um ano histórico para a vela brasileira? Não, nada disso. Quem pode pode fazer história, mesmo, é Robert Scheidt em sua busca por um terceiro ouro olímpico em Londres. É o que afirma o velejador sino-baiano Kan Chuh em entrevista exclusiva ao Portal Náutico. Antes de viajar para duas competições na França, batemos um papo com ele para saber um pouco mais sobre a classe Mini no Brasil. Um dos poucos brasileiros a completar a Mini Transat, ele já projeta a criação de um mercado nacional para a categoria. "Falta pouco, muito pouco", revela. Leia mais abaixo.
O que levou você a criar um movimento para termos a Classe Mini no Brasil?
Gostei tanto de velejar de mini e, por isso, gostaria muito de poder correr regatas aqui no Brasil, e acredito totalmente que a classe mini será um sucesso no país.
Como foi a recepção das pessoas até aqui?
A melhor possível. Temos muita gente interessada e principalmente muita gente que já estava com projetos semelhantes em andamento. Podemos unir forças e fazer dar certo.
A CBVM (Confederação Brasileira de Vela e Motor) apoia esta ideia?
Não contatei, mas com certeza ela irá apoiar uma classe de veleiros.
Nas regatas de longo percurso, é preciso um apoio da Marinha brasileira para eventuais resgates. Você acha que o Brasil está preparado?
A Marinha brasileira é um exemplo de trabalho sério e pessoas competentes. Em todas as regatas em que participei de mar aberto, onde a Marinha esteve presente, sempre foram de um profissionalismo ímpar. Refeno, Eldorado-Brasilis e outras servem como exemplos do que estou falando.
Algumas pessoas pensam erroneamente que a Marinha é um serviço de reboque, assistência técnica, assistência elétrica.
Quais as principais rotas que você imagina dentro do Brasil?
Seria algo equivalente ao Tour de France. Vamos imaginar assim: Florianópolis-Santos; Santos-Rio de Janeiro; Rio de Janeiro-Vitória; Vitória-Salvador; Recife-Fernando de Noronha. Ou ainda pensando para fora, Rio de Janeiro-Cape Town; Cape Town-Rio de Janeiro.
Você defende os barcos de série e não os protótipos. Por quê?
Os barcos de série são mais acessíveis, baratos e podem ser usados também para cruzeirar. Não ficam obsoletos com rapidez. Os protótipos, por outro lado, servem apenas para correr regatas e nada mais. Não tem sentido fazer protótipo (o próprio nome já diz), para viabilizar a classe.
Qual a saída para termos projetos de Mini sendo produzidos no mercado nacional?
Divulgar para encontrar e formar um grupo de pioneiros que possa se unir e conseguir construir dez barcos e criar uma classe. Já temos 20% que são as formas e ainda quatro pessoas garantidas. Faltam apenas mais seis pessoas. Falta muito pouco, mesmo.
Ele sairia ao custo de R$ 100 mil?
Esta é a nossa meta. Conseguir construir aqui pelo mesmo preço dos Estados Unidos: R$ 100 mil. É o preço de uma vaga de garagem em São Paulo e também o preço de meia vaga de garagem no Rio de Janeiro!
Você já correu a Eldorado Brasilis em solitário, em um barco pequeno. Acredita ser possível que os Minis brasileiros reeditem a volta de Trindade?
Fácil! Para os barcos é brincadeira as 1.320 milhas da Eldorado. Para os estômagos dos velejadores, pode ser um pouco mais difícil, mas nada que venha a ser intransponível.
Ao invés de Salvador, a Mini Transat 6.50 pode mudar de rota em 2013 e encerrar em Guadalupe, no Caribe. Como isso afetaria seus planos?
A Mini Transat já está definida para ser em Guadalupe e estou trabalhando nela. Vou agora em maio correr a Tmap 9.220 milhas em solitário e a Minifastnet, com 700 milhas em duplas. Ela já vai contar milhas para a qualificação da Mini Transat 2013.
Qual a maior experiência que você enfrentou velejando em solitário?
Pegar o alvará de liberação da minha esposa. Não é brincadeira!
Qual a formação necessária para participar de competições de Mini?
Nenhuma! Basta entrar no Facebook e pedir para ser adicionado. Depois é só a pessoa ir tentando fazer velejadas em solitário e depois regatas em solitário - pode ser qualquer barco, de 19 a 50 pés. Se gostar, ela pode ir sonhando com Minis e em pouco tempo vai estar apaixonado.
Como você trabalhará para manter o projeto de uma Classe Mini no Brasil em movimento durante as competições entre maio e julho?
O mundo hoje é todo via internet, portanto vou estar na França e não ter a menor diferença para o grupo. Quero lembrar que não sou velejador profissional. Trabalho oito a dez horas por dia e só faço o resto nas horas vagas como hobby.
Esse pode ser um ano histórico para a vela brasileira?
Não tenho nenhuma pretensão de qualquer coisa perto disso. O Robert (Scheidt) é quem vai fazer história! Se ele ganhar a terceira medalha de ouro, claro. Acredito que os Minis vão ser um capítulo interessante na história da vela brasileira.
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