Resumo da Vela em Pequim
Pequim 2008 - Acabou e foi legal! Com relativo sucesso - poucas regatas canceladas e/ou adiadas -, na raia que o mundo inteiro pensava que seria um fiasco, terminou em Qingdao mais um torneio olímpico de vela. O evento mais importante do nosso esporte. Éolo até que colaborou e fora o fato estranho de sempre ventar de sueste, fraco ou forte, com sol ou chuva, as regatas puderam ser corridas com alguma consistência. A correnteza que chegava a mais de 2 nós nas marés mais fortes e as ondas picadas, às vezes sobre um swell grande de fundo, tornaram as coisas um pouco mais difíceis para todos, mas no final os feras vencem mesmo, em qualquer condição.
Para nós brasileiros, como você está cansado de saber, foram duas bolachinhas, uma prateada, outra bronzeada. Maravilha! Em termos de medalha, os ingleses arrebentaram. Nas 11 classes olímpicas, os caras levaram 6 medalhas:4 ouros, 1 prata e 1 bronze (e vão correr em 2012 em casa!). Em segundo no quadro da Vela veio a Austrália, com 2 ouros e uma prata e em terceiro a Espanha com um ouro e uma prata. O Brasil ficou em 10º, de 18 nações que subiram no pódio de Qingdao. Uma medalhinha da cor certa a mais e poderíamos ser vices... Destaque também para a China e a Lituânia (com a namorada de Robert, Gintare Volungeviciute) que ganharam a sua primeira medalha nos veleiros.
Se nosso desempenho geral em Pequim 2008 deu uma certa deprê (como choram os brasileiros...), na Vela a coisa foi, como sempre, alegre. Tanto Fernandinha e Bel, quanto Robert e Bruno, subiram ao pódio com a alegria de ver seus esforços recompensados e com o orgulho de colocar a Vela novamente no topo dos esportes olímpicos nacionais com 16 medalhas (sendo 6 de ouro) contra 15 do Judô (2 ouros) e 14 do Atletismo (4 ouros). Até que nas "chorímpiadas do bronzil" fizemos nossa parte com dignidade.
A medalha do 470 feminino é histórica e mostra a, agora tão propalada, evolução feminina do desporto brasuca. E a prata de Scheidt e Prada, se não colocou Robert como o primeiro e único tri-campeão olímpico de nossa história, pelo menos mostrou que fera é fera e que sempre subirão os degraus do pódio aqueles mais competentes e preparados.
No RS:X ficou aquela pontinha de frustração com Bimba em 5º geral depois de chegar a 3º da série na penúltima regata. No 49er, Bochecha e Leiteiro, com um 7º também mereciam mais e, fora os medalhados do Star e 470F, foram os únicos de nosso time a vencer regatas na China... Mas fica para a próxima!
Nas outras classes, nem chegamos à Medal Race, aliás, um sucesso que toda a mídia especializada aprovou (fora algumas vozes dissonantes, claro...). A revelação do Finn, Eduardo Couto, que teve pouquíssimo tempo para se adaptar e sofreu dois revezes duros (uma bandeirada e uma escapada que, juntas, lhe renderam 54 pontos perdidos) terminou em um honroso 13º lugar na sua estréia olímpica e, com um pouco mais de concentração e sorte, poderia ter ido para a final.
Fabinho e Samuca, no 470 Masculino, também começaram bem suas carreiras olímpicas e terminaram em 17º geral, sofrendo um pouco com a inconstância dos noviços, mas mostrando sempre muita garra. Sem falar na caçulinha da turma, Patrícia Freitas, que em 18º geral na RS:X feminina promete muitas alegrias no futuro. Decepção mesmo, só com nosso amigo Bruno Fontes, que em momento algum achou o melhor da sua velejada e fechou os resultados da nossa turma com um 27º no Laser. Acontece!
Agora já é hora de pensar em 2012 e um novo ciclo olímpico se inicia. Em algumas classes poderemos ter novidades e em outras o negócio é apostar na experiência. Até Torben declarou na SporTV que vai voltar a formar com Marcelo Ferreira e pretende retomar o Star em 2009. Veremos!
Antes do fim, agora que vejo tudo de perto, já que me encartolaram de vez, gostaria de lembrar aqueles que ficam nos bastidores e quase nunca aparecem nas fotos, mas que fazem o trabalho de formiguinha que dá aos nossos atletas a possibilidade de lutar por medalhas: a galera do backstage.
A começar pelos competentes técnicos que auxiliam nossos amigos, a quem homenageio todos nas figuras medalhadas de Walter Böddener (Star) e Paulo Ribeiro (470). E para finalizar, representando toda a equipe que rala para que barcos, velas, passaportes, passagens, verbas, botes, motores, carretas, etc, etc, estejam sempre no lugar certo, na hora certa, cito os "administrativos" da CBVM cuja dedicação, torcida, competência e emoção são comoventes. Célia, Renata, Ana, Sylvia, Fabiane, Andréia, Gilsimar, André e João, estas medalhas também são fruto do trabalho de vocês. Parabéns!!
Murillo Novaes
www.velejar.com