Um paraíso ainda escondido
De São Paulo para lá, são 157 km de estrada. Convidativos, mas não necessariamente os mais fáceis de encarar. A bem da verdade, ao estilo do que aguarda os seus visitantes. Fiéis à diversidade natural que reserva ali opções que vão do espírito aventureiro de quem resolveu enfrentar um percurso algo enigmático com a tranquilidade peculiar de uma praia que, ainda hoje, mantém a sua beleza intacta.
Alguns dirão, cortesia de sua inclusão na Estação Ecológica Juréia-Itatins, que a afasta do desmatamento tão comum nas regiões costeiras do País. Outros argumentarão o peso do difícil acesso para se chegar até lá, com trajetos ainda não asfaltados. Ambos verdadeiros. Fato é que Barra do Una pode ser definida como um desses paraísos escondidos na costa paulista que conseguiu escapar ileso da devastadora influência humana.
Localizada no município de São Sebastião, no Litoral Norte de São Paulo, a praia representa a perfeita sintonia entre uma paisagem pacata e ao mesmo tempo selvagem. No sentido literal do termo, mesmo. Na Barra do Una, há o encontro da água doce e negra do rio com a água salgada do Oceano Atlântico, sintetizado através de seu próprio nome.
Um antigo vilarejo de pescadores que ainda conserva nesses dias o seu aspecto mais rústico, notabilizado por suas feirinhas de artesanato, em convivência saudável com algumas das estruturas mais modernas para embarcações, a praia se estende ao longo de dois quilômetros de areia branca e fofa, cercada por uma Mata Atlântica desbravada por gente que vem atrás apenas de seus encantos naturais e abrigando três ilhas que oferecem alternativas das mais distintas para os visitantes - Montão do Trigo, Ilha das Couves e As Ilhas.
Situada entre as praias de Juréia e Juquehy, a Barra do Una chama a atenção também pelo ecoturismo - trilhas, saltos de cachoeiras e tobogãs naturais, por exemplo - e pela prática de esportes no mar - surfe na região da restinga, mergulho e passeios de caiaque, lancha e jet-ski. Para quem resolver chegar até lá com a sua embarcação, o local conta com cinco marinas e um iate clube.
É preciso, no entanto, se manter atento a alguns detalhes que tornam a navegação pela junção das águas salgada e doce peculiar. Além da possível rebentação de ondas em dias mais agitados, há ainda fatores que devem ser levados em conta como a presença de pedras ocultas que podem danificar a hélice, o fato de a passagem ser estreita e o obstáculo imposto por uma ponte que não permite o avanço de embarcações maiores para o seu lado oposto.
Em marés mais baixas, quando a sua profundidade atinge a marca de 0,30 metro, é necessário ainda conhecimento da região para se arriscar no canal. O mais recomendável nessas circunstâncias é solicitar orientação junto a alguma das marinas da praia ou se ainda assim você resolver ir adiante seguir as regras gerais, navegando no meio nas retas e pela borda de fora nas curvas.